Categoria: manifestações e atos

[RJ] Lutadoras populares marcam presença em atos de 8 de março no RJ

Texto das Mulheres na Resistência – RJ, Resistência Popular Estudantil – RJ e Movimento de Organização de Base – RJ

Publicado originalmente em 11/03/2020 no site http://reporterpopular.com.br/lutadoras-populares-marcam-presenca-em-atos-de-8-de-marco-no-rj/

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Na segunda-feira (9), o coletivo Mulheres na Resistência, a Resistência Popular Estudantil e o Movimento de Organização de Base estiveram presentes no ato do Dia Internacional de Luta das Mulheres no Rio de Janeiro.

Carregando a frase “Mulheres na luta por vida digna”, o bloco expôs uma perspectiva de luta que deve combater as opressões de gênero, raça e classe naquilo que mais diretamente afeta e oprime as/os mais pobres. A mensagem foi de que a luta por uma vida digna, no momento em que o custo de vida fica mais caro e as condições de trabalho só pioram, é uma luta na qual as mulheres devem estar na linha de frente.

São as mulheres que, muitas vezes, que arcam com todos os custos do lar, trabalham dobrado (em casa e fora de casa) para receber menos e ter menos direitos. O desemprego e os baixos salários fazem com que o aumento no preço do gás, do transporte, da alimentação, da moradia, ou seja, o aumento do custo de vida, afetem direta e agressivamente a vida das mulheres em uma situação insustentável.

São as mulheres as que mais sofrem as consequências dos cortes de serviços sociais, as primeiras a serem demitidas, as que são alvo da violência patriarcal cotidiana mas também as que participam e dão vida à realidade comunitária dos bairros, favelas e ocupações. Oferecendo solidariedade a outras mulheres em situação de violência doméstica, aos vizinhos e vizinhas nas dificuldades do dia a dia, a construir redes de apoio mútuo e lidar com a violência de Estado e a falta de direitos. Neste sentido, lutar contra o aumento do custo de vida e por uma vida digna é também uma luta de gênero, raça e classe!

[RJ] Witzel coloca em risco a saúde do povo para vender seu direito à água limpa

Setor de comunicação do Movimento de Organização de Base do Rio de Janeiro (MOB-RJ)

Publicado originalmente em 19/02/2020 no site http://reporterpopular.com.br/witzel-coloca-em-risco-a-saude-do-povo-para-vender-seu-direito-a-agua-limpa/

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Desde o início do ano, a população fluminense se surpreendeu com a água saindo de sua torneira, com forte cheiro de amônia e gosto de barro e cor turva ou até marrom. Tal situação era ainda mais crítica na região da baixada fluminense e nas zonas oeste e norte da capital. Inúmeros casos de doenças estouraram em toda a região metropolitana, com sintomas de diarréia, vômito, febre, etc, lotando o já sucateado sistema público de saúde.

Novamente, a conta recai mais e mais sobre a saúde e o bolso das trabalhadoras e trabalhadores, que quando não estão gastando comprando água mineral, ou optando entre pagar as contas e beber água potável, tiveram que arcar com remédios ou perder seus dias de trabalho nas filas do SUS.

 

Mas o que está por trás da crise da água no Rio de Janeiro?

É inegável que existem décadas de descaso do poder público para com o sistema de abastecimento de água e de saneamento básico no Rio de Janeiro. Temos Belford Roxo (4,52%), Nova Iguaçu (0,15%) e São João de Meriti (0%), três cidades da Baixada Fluminense, no ranking dos 10 piores municípios por esgoto tratado no Brasil.

Mas se esse descaso não é novidade, nos últimos anos temos assistido uma política ainda mais grave: um verdadeiro desmonte desse serviço público. Na esteira das atuais – e cada vez mais profundas – políticas de venda dos patrimônios públicos, a CEDAE se tornou um dos maiores alvos dos olhares gananciosos dos empresários. Vale lembrar que a empresa, que recebeu prêmios de “maior empresa de infraestrutura” da revista Exame em 2019 e 2018, sempre apresentou uma receita lucrativa.

Em fevereiro de 2017, a Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (ALERJ) votou um projeto que autoriza a privatização da Companhia Estadual de Águas e Esgotos (CEDAE).  A medida não passaria sem a resistência da população: milhares de pessoas foram às ruas defender seu direito à água e saneamento. Ignorando uma grande manifestação que se concentrava a sua porta, a assembleia aprovou o projeto por 41 votos a 28. A manifestação segue para a companhia, onde sofre uma repressão abrupta da tropa de choque, resultando em dezenas de detenções de manifestantes. Era dada a largada para a venda da CEDAE.

Ao assumir o governo do estado, Wilson Witzel recebe diversas indicações do presidente de seu partido (PSC), o pastor Everaldo. Assume então Hélio Cabral, um dos principais réus na tragédia anunciada em Mariana, com rompimento da barragem do Fundão causado pelo descaso da grande mineradora Vale S.A, que segue impune e distribuindo dividendos bilionários aos seus acionistas. O Ministério Público acusa Hélio Cabral de homicídio de 19 pessoas, uma vez que há provas de que ele, enquanto conselheiro da Samarco, mineradora subsidiária da Vale, sabia dos riscos da barragem, mas colocou os lucros da empresa na frente das vidas das pessoas.

Uma de suas primeiras medidas como presidente da CEDAE foi a demissão de 54 funcionários da Companhia, que em sua maioria eram engenheiros de carreira, com cerca de 40 anos de trabalho na estatal. Essa demissão em massa atingiu os pilares estruturais da empresa, desestabilizando todas as suas atividades.

Em meados do ano passado, foi registrado que o lucro da CEDAE triplicou – alcançando R$ 832 milhões de reais. Mas, ao mesmo tempo, houve uma queda absurda na qualidade de seu serviço, que teve quatro vezes mais reclamações em comparação ao ano anterior. Ficava cada vez mais nítido que a busca por melhores receitas na empresa se tornou proporcional ao seu sucateamento, a fim de forçar a venda da companhia.

Sem rodeios, Witzel deixou bem clara a sua intenção de realizar a privatização da CEDAE em 2020, anunciando esta como uma de suas principais pautas para esse ano. Enquanto o serviço era sucateado, a empresa era oferecida aos empresários.

O resultado desse processo tão logo foi percebido: os mananciais hídricos foram gravemente degradados e a água distribuída foi contaminada. Sem seu corpo técnico completo, a companhia mostrou-se incapaz de solucionar o problema.

No dia 3 de fevereiro desse ano, novamente vemos uma nova crise: uma quantidade enorme de detergente é encontrada no reservatório do Guandu, interrompendo seus serviços. Segundo a presidência da empresa, o produto teria sido arrastado pelas chuvas. A interrupção chegou inclusive a afetar o início do ano letivo no município.

 

Mas como a privatização da CEDAE afeta nossas vidas?

O Brasil é o país que abriga as maiores bacias hidrográficas do mundo. No entanto, a água já demonstra sinais de escassez pelo mundo, sendo eleita como a próxima commodity a ser disputada – muitos apontam que ela terá o papel no século XXI equivalente ao do petróleo no século XX.

A CEDAE hoje atende 64 municípios fluminenses. Apenas a Estação de Tratamento de água do Rio Guandu abastece mais de 9 milhões de pessoas da região metropolitana do estado.

Em meio à crise, Witzel anuncia um novo modelo de concessão: a CEDAE permaneceria gerindo os sistemas hídricos, realizando todo o sistema de captação e tratamento, enquanto as concessionárias ficariam responsáveis apenas pela distribuição e coleta de esgoto.

Ou seja: todo o trabalho técnico, que requer a infraestrutura e os recursos para o tratamento da água continuaria sendo responsabilidade pública, enquanto a venda passaria para a iniciativa privada. Como de costume nas políticas neoliberais, o gasto é público, o lucro é privado.

Caso o serviço de distribuição de água e saneamento sejam privatizados, certamente contaremos com o aumento significativo das contas, aumentando ainda mais o já penoso custo de vida da população fluminense.

Além disso, como ficariam as comunidades que já não são atendidas por esses serviços, realidade vivida por milhares de pessoas? Qual responsabilidade social a iniciativa privada teria com essas pessoas? E o que aconteceria com a parcela da população que não tem condições de pagar por esse serviço?

Witzel chantageia a população fluminense, colocando a privatização como pré-requisito para a despoluição. Ora, a população necessita da despoluição hoje!

A fim de denunciar essa situação e defender o direito à água limpa, moradores do Rio organizaram algumas manifestações na cidade. A próxima está marcada para o 11 de março, quarta feira, às 15h na entrada da Central do Brasil. É fundamental que o povo se manifeste nesse momento crítico.

A água é um direito inalienável, necessário à vida da população. E direito não se negocia, não se vende. É preciso defender os direitos do povo, com luta e organização popular!

Trabalhadores da saúde no Rio seguem em greve contra o sucateamento do serviço público

Texto do Movimento de Organização de Base (MOB-RJ)

Publicado originalmente em 19/12/2019 no site http://reporterpopular.com.br/trabalhadores-da-saude-no-rio-seguem-em-greve-contra-o-sucateamento-do-servico-publico/

saúde

A greve dos trabalhadores da saúde da cidade do Rio de Janeiro caminha para o seu nono dia, incluindo enfermeiros, servidores, médicos da prefeitura que estão sem receber seus salários desde outubro. Além da falta de insumos e materiais para o funcionamento dos serviços dos hospitais municipais, que é uma infeliz realidade já conhecida por aqueles que utilizam o serviço público de saúde.

Os mais afetados com o descaso da prefeitura de Marcelo Crivella são os trabalhadores contratados por OS (Organizações Sociais), uma espécie de terceirização que já domina alguns hospitais da cidade como, por exemplo, o hospital Albert Schweitzer de Realengo. Albert Schweitzer é um dos maiores hospitais públicos da cidade e foi municipalizado no governo anterior justamente para lidar com a crise financeira estadual do Rio de Janeiro e, neste mês de dezembro, o hospital fechou as portas. Grande parte dos trabalhadores do hospital são contratados por OS e estão sem receber há meses e sem insumos para realizar os atendimentos. Desse modo, o hospital não consegue funcionar, deixando a população trabalhadora carioca sem atendimento.

Os trabalhadores da saúde, com o apoio da população que utiliza e necessita dos hospitais públicos, têm puxado atos e mobilizações para chamar atenção para essa situação insustentável que foi criada no Rio de Janeiro. O prefeito Marcelo Crivella se recusa a receber os representantes da categoria e muito menos a resolver a questão dos salários atrasados e da precariedade dos hospitais municipais. Enquanto isso, trabalhadores morrem na espera de atendimento, peregrinando de hospital em hospital, desamparados pelo Estado e os funcionários se desesperam, passam necessidade, sem ter condições de pagar as contas ou mesmo de se alimentar. Afinal, a prefeitura atrasa os salários, mas os boletos do aluguel, da luz, do gás dos trabalhadores nunca atrasam.

Não bastasse essa situação de calamidade geral que a população carioca tem enfrentado nesses últimos meses, na terça-feira (17 de dezembro), a prefeitura anunciou a suspensão dos pagamentos dos servidores municipais, afetando o 13º pagamento da categoria. A absurda justificativa dada pela prefeitura foi que “o cobertor é curto” e, não tendo dinheiro, não teria outra opção senão suspender os pagamentos e os serviços municipais de saúde. As mobilizações prosseguem, assim, pois em hipótese alguma é aceitável que uma categoria de trabalhadores fique meses sem receber por seu trabalho e hospitais públicos fiquem sem funcionar enquanto a população padece sem atendimento. Não há sossego, o sofrimento é cotidiano e o desespero cada vez mais geral.

O projeto que essa prefeitura representa não garante vida e saúde para a população trabalhadora. Ao não oferecer condições para que um serviço público de saúde seja realizado, a prefeitura de Crivella está matando aqueles que não tem condições de recorrer ao serviço privado. Afinal, como alguém que ganha um salário mínimo no Rio de Janeiro teria possibilidade de pagar 1000 reais num tratamento médico e mais uma fortuna em remédios?

A população já sofre com os altos preços dos alugueis, da conta de luz, dos alimentos que não cabem no orçamento do trabalhador que vive com um salário mínimo e, se adoece, não tem amparo. Os direitos aos salários e à saúde pública são conquistas históricas de muita luta dos trabalhadores, mas essas conquistas estão em cheque hoje no Rio de Janeiro. É necessário neste momento reforçar a solidariedade de todas as categorias de trabalhadores com os companheiros servidores municipais e com a população que padece e morre sem atendimento. O governo de Marcelo Crivella não cansa em atacar e precarizar os trabalhadores por meio das terceirizações, dos atrasos de salários, do fechamento hospitais, desamparando completamente a população, diferente do tratamento dado aos seus aliados políticos, para os quais “é só conversar com a Márcia” que qualquer problema se resolve, como declarou o prefeito em reunião junto a pastores evangélicos em julho de 2018. Para nós, não há a quem recorrer senão a nós mesmos, nos restando apenas a solidariedade entre os debaixo e a luta contra os de cima para conquistar e garantir os nossos direitos.

[RJ] Manifestação no Complexo do Alemão denuncia assassinato de Ágatha e Genocídio nas favelas

Notícia do Setor de Comunicação do Movimento de Organização de Base (MOB-RJ)

Publicado originalmente em 29/09/2019 no site http://reporterpopular.com.br/manifestacao-no-complexo-do-alemao-denuncia-assassinato-de-agatha-e-genocidio-nas-favelas/

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Nesta sexta-feira, 27, ocorreu uma manifestação no Complexo do Alemão em decorrência dos 7 dias do assassinato de Ágatha Félix, 8 anos, covardemente assassinada durante uma operação da polícia militar. O ato foi puxado por estudantes e professores das escolas dos arredores da região e apoiada pelos moradores do Alemão, com cartazes e falas que denunciavam o genocídio da população negra que vive em favelas decorrente de uma política de segurança pública historicamente racista e classista que se intensificou durante o atual governo de Wilson Witzel.

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A presença permanente da polícia militar nas favelas cariocas é justificada pelas autoridades como necessária para o combate ao tráfico de drogas. Mas, como bem sabemos, o cerne do tráfico de drogas se opera bem longe das favelas, mais especificamente nos bairros nobres, em condomínios fechados, com a participação de policiais, parlamentares, empresários e, principalmente hoje em dia, de milicianos. Nessa dinâmica, a favela representa somente o varejo do tráfico de drogas. Portanto, vemos que esse propósito não passa de uma desculpa para justificar o controle mais rigoroso do Estado nesses espaços em que vivem as camadas mais pobres da classe trabalhadora.

O Estado só entra na favela através da polícia, da bala, da coação. Essa população afetada cada vez mais pelo trabalho precarizado, pelo alto preço dos transportes públicos, pelo aumento do custo de vida, pela deterioração do ensino público no Rio de Janeiro, ao chegar em casa ainda corre risco de vida devido à forte presença policial nas favelas. Ir à escola, ao mercado, andar pela sua vizinhança, voltar para casa, são situações de risco num contexto em que todo e qualquer morador de favela, principalmente se for negro, é visto como alvo pelos olhos da polícia e do Estado.

Ágatha foi mais uma vítima da Polícia Militar. Voltando para casa, foi alvejada com tiros de fuzil pelas costas. Os moradores do Complexo do Alemão presentes no ato reforçaram que esta morte está longe de ser um caso isolado, sendo cotidiano para essas famílias que vivem permanentemente com o luto, a dor, o medo e a sensação de impotência. Muito se sofre, mas a comunidade estava em peso, unida e mobilizada, para clamar por justiça por Ágatha e por tantos outros atingidos pela violência policial; para além, disposta a lutar pelo fim dessa política de morte, pelo fim das UPPs e da Polícia Militar, sinalizando que mais atos como estes vão acontecer pelas favelas dos Rio de Janeiro.

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[Paraná] TODO APOIO À LUTA DOS CAMINHONEIROS!

Nós, do Movimento de Organização de Base-Paraná (MOB-PR), manifestamos nosso apoio à greve dos caminhoneiros. Desde o dia 21 de maio, caminhoneiros tem realizado protestos e trancado rodovias em todo o país, reivindicando entre outras pautas a diminuição dos altos preços dos combustíveis e melhores condições de trabalho. Só no Paraná são cerca de 200 áreas bloqueadas.

A luta dos caminhoneiros tem aspectos muito próprios. Patrões e oportunistas tentaram se apropriar do movimento em benefício próprio, sem pensar nos trabalhadores e trabalhadoras. Mas as negociações realizadas a portas fechadas com o governo (por empresas e sindicatos que não representam os trabalhadores) não atenderam as pautas mais urgentes dos que sofrem no dia a dia com péssimas condições de trabalho, jornadas exaustivas, gastos com combustível e pedágios, e instabilidade. Isso que fez com que muitos caminhoneiros autônomos decidissem manter a greve, não se contentando com as migalhas oferecidas pelo governo e lutando por conquistas concretas.

Os de cima já preparam os ataques ao povo trabalhador: alegando ser um protesto abusivo e radical, foi autorizada o uso da Força de Segurança, para acabar com as manifestações. Ou seja, são os poderosos usando como sempre de seu braço armado (polícia, exército) para reprimir o povo. Além disso, diversos estados estão estipulando uma multa diária para aqueles que continuarem em greve.

A luta não é apenas dos caminhoneiros, mas sim de todo o povo pobre e trabalhador, dos desempregados e desempregadas, dos camponeses, dos moradores e moradoras de vilas, favelas e ocupações. Outras categorias, como a dos petroleiros, já tem anunciado indicativos de greves e paralisações, e é fundamental estarmos lado a lado nessas e em outras lutas por melhores condições de vida e contra os ataques dos poderosos.

Todo apoio a luta dos caminhoneiros!

Pela solidariedade entre os/as de baixo contra os governos e os patrões!

Lutar! Criar! Poder Popular!

[Paraná] Enchentes em Curitiba: descaso dos de cima e luta dos de baixo

Quando uma chuva um pouco mais forte começa a cair dos céus, já é o início de muita preocupação para moradoras e moradores de diversos bairros de Curitiba e Região Metropolitana. Tem sido cada vez mais constantes as enchentes e alagamentos em diversos pontos da cidade, o que tem feito com que centenas de famílias percam móveis, roupas, eletrodomésticos e até mesmo suas próprias casas. O forte temporal que caiu no dia 3 de março deixou tristes marcas na população pobre da cidade: segundo dados parciais da própria Prefeitura de Curitiba, mais de 1500 pessoas foram afetadas, e 200 ficaram desalojadas, ou seja, perderam suas casas.

Infelizmente, não se trata de uma novidade. No final de 2017, fortes chuvas causaram estragos em diversos pontos da cidade. Muitas famílias afetadas nessa época mal tiveram tempo de reconstruir seus lares e vieram a sofrer novas perdas alguns meses depois. Trata-se de uma tragédia anunciada, pois uma série de obras prometidas pela prefeitura para conter as enchentes e alagamentos foram abandonadas, e outras sequer iniciadas. O mesmo vale para a limpeza de rios, muitas vezes realizada por mutirões organizados pelas moradoras e moradores das comunidades. Esse descaso, aliado a ausência de políticas para a moradia digna de nosso povo, tem ocasionado essa sequência de tragédias.

Pra mudar a situação, luta e união!

Tais acontecimentos geraram revolta e houveram protestos em diferentes regiões de Curitiba. No bairro Parolin, um protesto trancou uma via da região, as moradoras e moradores queimaram partes dos móveis destruídos pela chuva e mostraram com palavras de ordem sua revolta. No mesmo dia, mais cedo, o governador Beto Richa esteve presente no bairro, mas não conseguiu convencer os moradores e moradoras com suas mentiras.

O Contorno Sul também foi palco de manifestações. Moradoras e moradores dos bairros CIC e Fazendinha trancaram a via por cerca de seis horas, exigindo que a prefeitura tomasse providências. Uma das questões levantadas pelo protesto foi o fato da prefeitura não ter realizado tarefas com as quais havia se comprometido, como a drenagem de rios e limpeza de bueiros.

Solidariedade

Para resolver essa situação, a população se uniu em mutirões e ações para arrecadação de roupas, móveis e eletrodomésticos, mostrando na prática que só a luta, a união e a solidariedade podem apontar para o caminho de uma vida digna para todos e todas. Muitas vezes, a própria população atingida pelas chuvas é tida como culpada, o que além de ser uma visão claramente preconceituosa, protege os verdadeiros culpados por essa situação: o Estado que ignora as demandas do povo e não cumpre com suas promessas.

A cada nova ameaça de chuva, cresce a tensão e o risco de se perder novamente aquilo que foi duramente conseguido pela população. O caminho para que possamos ter moradia digna para todos, e para que as enchentes não sejam uma ameaça cotidiana, passa pela auto-organização em nossos locais de moradia, construindo espaços de resistência e solidariedade.

Todo apoio às famílias atingidas pelas enchentes!
Moradia digna para todos e todas!
Viva a organização do povo!

[Paraná] 28 de Abril, dia de luta contra a Reforma Trabalhista e da Previdência!

O dia 28 de abril de 2017 foi um grande dia de luta no Brasil: greve geral, manifestações de rua e outras mobilizações contra a Reforma Trabalhista e da Previdência. E o Movimento de Organização de Base (MOB) esteve presente nesta luta em vários estados: Paraná, Rio de Janeiro, Pará e São Paulo.

Declaramos todo o nosso apoio aos milhões de trabalhadores e trabalhadoras que fizeram greve e se mobilizaram. Tanto as greves, como as manifestações de rua e bloqueios de rodovias são instrumentos fundamentais na luta do povo por seus direitos. Mesmo que partidos e organizações oportunistas tentem se apropriar das vitórias de nossa luta, a greve geral é instrumento do povo para garantir seus direitos!

No Paraná, estivemos presentes em grande manifestação em Curitiba, que contou com mais de 30 mil pessoas!

E para quem não está entendendo direito… O que são essas reformas?

Reforma Trabalhista

Algumas medidas desta reforma vão contra conquistas históricas do povo, como a jornada máxima de 44 horas semanais e a garantia do salário mínimo.

Objetivos da reforma:

  • Aumentar jornada de trabalho diária para 12 horas.
  • Diminuir salários.
  • Diminuir 13º, férias, intervalos e FGTS.
  • Aumentar contratações temporárias, ou seja, sem 13º, férias, FGTS para estas pessoas.

Reforma da Previdência

Esta medida impõe mudanças estruturais gravíssimas na previdência social do país. Só quem irá ficar fora dessa reforma são os militares, políticos e integrantes do Poder Judiciário e do Ministério Público.

Objetivos da reforma:

  • Aumentar idade para se aposentar: 65 anos para homens e mulheres.
  • Precisar completar 49 anos de contribuição para obter aposentadoria integral.
  • Ter no mínimo 25 anos de contribuição para poder se aposentar.
  • Diminuir o reajuste de benefícios especiais para idosos e pessoas com deficiência que não têm renda. E ainda aumentar a idade mínima para 70 anos, no caso desses idosos.
  • Acabar com aposentadoria especial para professores e trabalhadores do campo.

[Rio de Janeiro] A luta contra a PEC-241 e os movimentos de base

Diante a conjuntura de crescente ataque aos direitos dos trabalhadores, o governo Temer (PMDB) enviou ao congresso a Proposta de Emenda a Constituição (PEC) 241, que vai na prática, congelar os recursos para a educação e a saúde por 20 anos. Sob a desculpa de “PEC de teto de gastos”, a PEC na verdade, precariza ainda mais os direitos sociais das/os de baixo, enquanto para os altos setores do judiciário e do legislativo, o governo Temer concede grandes aumentos de renda. Não há nenhuma alteração no limite dos gastos com a dívida pública, que sangra, quase metade do orçamento brasileiro, dando dinheiro para banqueiros, grandes acionistas e outros membros do cassino da especulação financeira. Enquanto pagam com juros os agiotas do sistema financeiro, o governo propõe limitar os investimentos em saúde e educação apenas à correção da inflação. Cabe reafirmar, que diversos cortes na educação, aconteceram no próprio governo petista (PT-PMDB), que seguiu grande parte da cartilha do adversário derrotado (PSDB) mas que agora, são aprofundados e radicalizados pelo governo PMDB-PSDB.

A PEC-241 também prevê que se o limite de gastos for desrespeitado pelo poder público, o salário mínimo não poderá ser ajustado. Enquanto isso, o judiciário, teve seu salário reajustado em 41,4% e 12% para o Ministério Público da União. Em nível estadual, o governo Pezão-Dornelles (PMDB) também promoveu um pacote de “maldades”. Além das milionárias isenções dadas a empresas capitalistas, encaminhou o desconto de 30% do salário dos servidores inativos (aposentados, afastados ou de licença), fim dos programas sociais, como aluguel social, aumento do Bilhete Único e extinção de secretarias. Ou seja, a crise estoura apenas nas/os de baixo, enquanto os/as de cima continuam com seus privilégios.

O que essas medidas como a PEC significam?

Essas medidas significam que não podemos ter nenhuma confiança nas mudanças realizadas no andar de cima. Toda mudança deve ser fruto da luta e do acúmulo de força social dos/as de baixo. Não é mudando o governo que iremos enfrentar os ataques a classe trabalhadora, mas é construindo instrumentos de luta e organização, que podemos massificar a resistência contra mais esse golpe nos direitos.

Os atos contra a PEC 241: reflexão necessária

Infelizmente, a capacidade de mobilização contra a PEC 241, ao menos no RJ, foi muito inferior ao que precisamos para derrotar esse infame projeto. Isso é fruto de vários fatores. Primeiro, há uma dificuldade da esquerda de modo para mobilizar os/as trabalhadores/as de maneira massiva. Esse não é um problema de um ou outro setor da esquerda, mas com algumas exceções, parte da crise geral que vivemos. Lembrando que a ascensão de governos de esquerda, vem sempre, acompanhada de burocratização e “pacificação” de movimentos que o sustentam. A burocratização dos movimentos, que fica mais explícita, quando centrais sindicais de porte nacional, conseguem mobilizar muito pouco (proporcionalmente ao seu tamanho).

Para piorar, parte desses movimentos (ex-governistas, petistas e próximos ao petismo) condena qualquer ato que extrapole a moderação republicana. Essa esquerda bem-comportada (ex-governistas e reformistas), atuou de maneira muito vergonhosa no último ato, agredindo manifestantes independentes e inclusive pedindo a polícia para expulsar o bloco independente. Repudiamos essa postura e vemos nela, uma tentativa de pacificar a resistência popular. Nenhum motivo ou divergência na luta justifica a delação policial ou agressão interna nos atos. Devemos sempre politizar a participação nas ruas e avançando na organização coletiva. Divergências devem ser tratadas na luta. Não derrotaremos a PEC 241 e os cortes nos direitos sem uma ampla força de diversos movimentos e organizações nas ruas e tampouco podemos vencer esse ataque com as velhas manifestações burocratizadas.

A necessidade de superar o espontaneísmo e o ativismo

Outra questão necessária é construirmos uma trabalho político firme e bem organizado. Não adianta reclamar da burocracia e dos atos esvaziados, se durante os outros dias do ano, grande parte da militância independente, permanece desorganizada, fragmentada ou atuando de maneira dispersa. Acreditamos que quem deseja construir movimentos autônomos e de base devem doar sua vida a um projeto de transformação radical da sociedade. Devemos dar o exemplo da sociedade que queremos construir!

Um ato é sempre o resultado de um trabalho político e de base feito nos anos anteriores. Se isso não é feito, continuamos com poucas possibilidades de disputar as ruas. Nesse sentido, saudamos as ocupações de escolas, universidades e a resistência popular nas ruas contra os ataques! É com ação direta, ocupações e luta nas bases e nas ruas que podemos derrotar esses cortes.

            Contra a PEC do apocalipse, Ocupa tudo!

            Quando xs de baixo se mexem, os de cima caem!

MOB-RJ           

 

[Rio de Janeiro] Visita em solidariedade à ocupação e ato dos estudantes da UERJ

Uma comissão do MOB-RJ visitou nesta quinta (17) a ocupação estudantil da UERJ. O clima era tenso devido ao piquete que era realizado em uma das entradas principais. Alguns professores ofenderam e alguns chegaram até a agredir os ocupantes sem ter o mínimo de consideração com a situação precária que passa a universidade.

Conversamos com integrantes da ocupação que repassaram a situação insalubre da UERJ. Os cortes da educação afetaram duramente a UERJ. As trabalhadoras terceirizadas também estão sofrendo muito com a situação. Muitas sem receber há meses e passando por dificuldades. Manifestamos nosso desejo de dar solidariedade e montar um posto de arrecadação de mantimentos para as/os terceirizados. Também comentamos sobre um de nossos GT’s, o pré-comunitário Solidariedade e a necessidade de professores.

Depois da conversa participamos em solidariedade do ato que ocupou e fechou as ruas do Maracanã, gritando palavras de ordem a favor da educação e contra a precarização da “pátria educadora” e do governo estadual.

A visita foi produtiva, toda solidariedade aos estudantes da UERJ! Só a organização de base e a ação direta garantem direitos e conquistam mudanças!

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[Rio de Janeiro] Ato contra o genocídio da juventude negra ocupa as ruas do bairro de Madureira

Depois da Polícia Militar do Estado do RJ ter fuzilado cinco jovens negros e trabalhadores em Costa Barros, militantes do movimento negro e ativistas independentes organizaram um ato que aconteceu no bairro de Madureira. A concentração foi embaixo do viaduto de Madureira (Negrão de Lima) e as/os manifestantes cantaram palavras de ordem pelo fim do genocídio contra a população negra e favelada, lembraram de todos os assassinados e assassinadas pela PM e entregaram panfletos para os pedestres e trabalhadoras/es do comércio. A Guarda municipal “escoltou” o ato até o final, que se concentrou no bairro de madureira.

O MOB esteve humildemente presente. Que a mobilização contra o genocídio da juventude negra se fortaleça para enfrentar e derrotar a política racista que tanta dor leva ao povo negro e favelado!

Pelo fim do racismo institucional!
Pelo fim do genocídio contra a população e a juventude negra!

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