Marcado: repressão

[PARANÁ] Respeito e Moradia Digna às Ocupações do CIC!

Nesta sexta-feira (07/12/18), mais de 300 casas da ocupação urbana 29 de Março foram atingidas por um incêndio provocado pela Polícia Militar. No local sobram destroços e indignação.

Os relatos de moradoras e moradores descrevem uma ação violenta e abusiva por parte da PM, em retaliação à morte de um policial. Com os rostos cobertos e sem a identificação na farda, a PM invadiu e revirou casas, sem mandado. Famílias foram acordadas de madrugada, revistadas de maneira ilegal e imoral, e ameaçadas no caso de não encontrarem o paradeiro da pessoa que supostamente matou o policial. Informações dão conta que a pessoa tentou duas vezes se entregar, o que parecia não ser o suficiente para o braço armado do Estado.

Em seguida, o fogo começou. Dentre as notícias que circulam sobre as mortes, duas se destacam por se tratarem de execuções: um rapaz que denunciou o início do fogo e foi morto a tiros dentro de casa; outro que foi levado pela PM e encontrado sem vida a quilômetros da ocupação. Os cartuchos no chão de balas, não só de borracha, revelam o uso de força letal contra os moradores. Houveram feridos no ataque, inclusive idosos. O incêndio provocado tirou a vida de muitos animais. Entre os moradores, há vítimas não confirmadas.

 

Mesmo com o terror que se instalava, a comunidade conseguiu resistir com a união entre moradores de todas as ocupações (Tiradentes, Nova Primavera, 29 de Março, Dona Cida) e o apoio de outras comunidades, movimentos e organizações. Estão no local várias pessoas e organizações que auxiliam na resistência e captação de itens básicos de sobrevivência.

Na entrada da comunidade, montou-se uma tenda para reunir as doações e improvisou-se uma cozinha comunitária, para alimentar a todas as mulheres, homens e crianças que ficaram sem ter como ou o que cozinhar.

Doações estão sendo coletadas em diversos pontos da cidade e região metropolitana (conforme descrito ao final deste link: https://bit.ly/2zOyxtI). São prioridade: comida (inclusive pronta), leite, fraldas e materiais de construção e água potável.

Devido à urgência da situação, a unidade de atendimento do CRAS Moradias Corbélia está aberta ao atendimento à população e recebimento de doações também neste sábado e domingo, das 8h às 17h. Na sexta-feira, as famílias desabrigadas foram direcionadas à escola municipal Doutor Hamilton. A partir de sábado, o acolhimento é feito pela ONG Anjos. São poucas as famílias, entretanto, que buscaram o abrigamento. A maior parte foi acolhida pelos próprios moradores, vizinhos que entendem que a dor de um é a de todos.
Todas e todos temem o retorno da PM, dizem não conseguir descansar nem dormir direito. Em meio à calamidade que se desenha, surpreende a falta de ação da Prefeitura de Curitiba e COHAB. Os escombros permanecem, com materiais em brasa e fumaça ainda presentes, aumentando a vulnerabilidade social das famílias e os riscos à saúde.

É necessária a limpeza do terreno imediatamente, a realocação das famílias para moradias adequadas e a regularização das ocupações, garantindo o direito à moradia. Esta luta vem sendo sendo feita por esta comunidade e outras comunidades há anos em meio a tantos contratempos pelo descaso e repressão do Poder Público.

É hora de muita união e solidariedade entre as comunidades e movimentos! Não podemos esquecer as atrocidades que aconteceram nesta comunidade! Moradia digna já!

Moção de repúdio à criminalização dos que lutam

Protestar não é crime, criminoso é o Estado!

LUTAR NÃO É CRIME!

Depois do maior episódio de repressão aos servidores estaduais do Paraná, o governador Beto Richa tenta atribuir a culpa do massacre do dia 29 de abril – que deixou ao menos 200 feridos em Curitiba – ao “radicalismo” de manifestantes que supostamente estariam infiltrados no protesto.

A primeira estratégia de Richa foi culpar os próprios agredidos pelo início da agressão. Já no dia 29, o governador declarou em nota oficial que o brutal massacre foi uma “ação de defesa” da PM, que teria reagido à agressão de “black blocs”. A nota do governo estadual fala em “pessoas mascaradas e armadas com pedras, bombas de artifício, paus e barras de ferro”. A mentira caiu por água abaixo já no dia seguinte, quando a Defensoria Pública do Estado do Paraná e a Ordem dos Advogados do Brasil se pronunciaram afirmando que nenhum dos detidos na manifestação portava artefatos perigosos. Segundo as duas instituições, todos os 14 presos durante o confronto eram professores, servidores ou estudantes.

Após essa tentativa frustrada, o secretário de Segurança Pública do Paraná, Fernando Francischini, lançou mão de outra estratégia para criminalizar o movimento. Convocou uma entrevista coletiva no dia 4 de maio e declarou que a Inteligência da Polícia Militar investiga a participação de supostos “grupos radicais” no protesto. O coletivo Quebrando Muros, uma das organizações de trabalhadores que tem contribuído organicamente na greve da educação estadual, é um dos grupos acusados na reportagens divulgadas no dia 4 de maio.

Mais do que expressar nosso apoio a todos os coletivos e agrupamentos que participaram da ato do dia 29 de abril e que agora estão sendo ameaçados, o MOB manifesta seu repúdio à estratégia do governo estadual que busca criminalizar a luta dos próprios trabalhadores e estudantes que resistiram até o fim contra o ataque à previdência.

Além de criminalizar as legítimas manifestações contra o projeto, essa estratégia também busca esconder o protagonismo dos trabalhadores da educação, da saúde, das universidades, da saúde agentes penitenciários e estudantes na luta para impedir a aprovação do projeto de lei que permite que o governo coloque as mãos no dinheiro das aposentadorias dos servidores. Não foram grupos ‘radicais’ que protagonizaram a luta direta contra os ataques do governo, como Francischini afirmou em coletiva de imprensa, foram os próprios trabalhadores, trabalhadoras e estudantes, afetados diretamente por tais ataques.

O massacre do dia 29 de abril não foi culpa dos manifestantes. Tão pouco foi resultado do “excesso” ou da falta de preparo dos policiais. Eles cumpriam ordens do governador Beto Richa, que articulou o poder executivo, a Polícia Militar, a maioria dos deputados da Assembleia Legislativa e o Judiciário para que o projeto fosse aprovado a qualquer custo. Já no dia 24 de abril, o Tribunal de Justiça do Paraná publicou um interdito proibitório, impedindo que os professores ocupassem o prédio da Alep. Esse é mais um exemplo triste de que os governos capitalistas não exitam em usar todo o seu poder político, econômico, jurídico e militar para reprimir e atacar os trabalhadores.

Além do MOB-PR e MOB-RJ assinam em 07/05:

SISMMAC – Sindicato dos Servidores do Magistério Municipal de Curitiba

SINDYPSI – Sindicato dos Psicólogos no Paraná

Frente Drogas e Direitos Humanos – Paraná

Rádio Gralha

Coletivo Direitos pra Todxs

Coletivo Outros Outubros Virão

CAPSY/PUCPR – Gestão Os pulsos ainda pulsam

Retirado do site do Coletivo Quebrando Muros: https://quebrandomuros.wordpress.com/2015/05/06/mocao-de-repudio-a-criminalizacao-dos-que-lutam/

Nota de resposta do Coletivo Quebrando Muros: https://quebrandomuros.wordpress.com/2015/05/05/protestar-nao-e-crime-criminoso-e-o-estado/