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[RJ – Nota sobre o Leilão do Pré-sal] Contra o entreguismo de Bolsonaro: impactos do leilão de petróleo e a situação do Rio de Janeiro

O governo federal realiza nesta quarta-feira, 6 de novembro, a cessão onerosa referente ao denominado “mega-leilão do pré-sal”. A área a ser leiloada para diversas empresas estrangeiras tem capacidade comprovada de produzir de 6 a 15 bilhões de barris de petróleo, ou seja, se tratam de áreas com imensa capacidade produtiva que, uma vez leiloadas, deixam de oferecer qualquer potencial retorno para a população.

Desde que assumiu seu mandato, Bolsonaro tem feito muita propaganda a cerca da venda dos recursos de petróleo e gas natural brasileiro para países estrangeiros e multinacionais, reforçada em sua última visita a China. Assim como Paulo Guedes, ministro da economia, que deixou bem claro em sua entrevista para o jornal Valor Econômico em setembro deste ano que tem pretensão de privatizar todas as estatais brasileiras, ou seja, não nos resta dúvidas que nossos governantes não têm compromisso com o desenvolvimento nacional e muito menos com as consequências que essas privatizações terá na vida do trabalhador brasileiro. Para completar, assim que assumiu, Bolsonaro subordinou o preço da gasolina e do gás de cozinha ao valor do mercado internacional, fazendo com que milhões de trabalhadores sofram cotidianamente com o aumento do custo de vida.

O processo de desmonte da Petrobras acompanha o processo de neoliberalização da economia brasileira, iniciando-se no governo de FHC em 1997 com a quebra do monopólio estatal sobre o petróleo e a venda de ações da Companhia na bolsa de Nova Iorque. Cabe afirmar que mesmo no governo do PT, leilões como do campo de Libra para a iniciativa privada (governo Dilma) foram realizados sob inúmeros protestos dos movimentos populares. Desde então, a imensa capacidade de produção petrolífera do país tem sido cada vez mais subjugada aos interesses de empresas estrangeiras e o mega-leilão do pré-sal desta semana pretende selar esse acordo de dependência. Como isso nos afeta?

Bom, os estados que estão diretamente envolvidos na extração de petróleo, como o Rio de Janeiro, são afetados de maneira mais explícita tendo em vista que a maior parte da sua economia é oriunda desse setor. Diversas pequenas e médias cidades do estado do Rio de Janeiro dependem da renda oriunda dos royalties do petróleo. A crise vivenciada no Estado do Rio de Janeiro em 2015 foi, em boa medida, decorrente da queda do preço do barril de petróleo, o que, combinado com a austeridade seletiva dos governantes capachos do capital, deixou diversos servidores do Estado em situação de calamidade, com salários atrasados, e também deixou a Universidade Estadual do Rio de Janeiro na iminência de fechar as portas, não fosse a resistência e luta dos alunos e servidores. Eis a importância da produção de petróleo para o Estado do Rio de Janeiro e todos os serviços públicos essenciais das grandes e pequenas cidades.

Uma vez leiloados esses recursos, os lucros dessa atividade não terão o menor compromisso em retornar em investimentos para a melhoria da qualidade de vida da população diretamente envolvida, nos restando, portanto, somente os ônus. Além disso, o preço do barril do petróleo e do gás natural afetam a vida do trabalhador diariamente através do preço do botijão do gás de cozinha e da gasolina que, por sua vez, afeta o preço dos transportes público. Por isso podemos dizer que a pauta em torno da privatização do pré-sal não está nada distante do nosso cotidiano, muito pelo contrário. Esse mega-leilão não nos beneficia em nada e ainda faz parte de uma série de privatizações pretendidas pelo governo federal que só fazem encarecer aquilo que necessitamos para sobreviver. Outro exemplo é o projeto de privatização da CEDAE em tramitação no Rio de Janeiro que afeta não só os funcionários da CEDAE mas todo o Estado do RJ que passará a depender de uma administração privada da água e do saneamento.

O SINDIPETRO-RJ, Sindicato dos Petroleiros, tem se mobilizado com a campanha “O petróleo tem que ser nosso!”, e convocaram um ato contra a entrega do pré-sal na Barra da Tijuca, hoje, às 9h.

Movimento de Organização de Base – RJ

Mais informações na página do sindicato
https://sindipetro.org.br/o-petroleo-tem-que-ser-nosso/

 

[PARANÁ] Portelinha avança rumo à regularização!

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Na última segunda-feira, 1/04, cerca de 60 moradoras e moradores da Comunidade Portelinha – Curitiba estiveram na COHAB Curitiba para uma reunião à respeito da regularização do terreno e realocação das famílias que se encontram em área de risco.

Apesar da Cohab ter escolhido um horário que pouco contempla o povo trabalhador (principalmente aqueles e aquelas que dificilmente podem decidir sobre seu expediente), as famílias há dias se organizavam para estarem presentes e participando ativamente desse momento tão importante e decisivo para a Portelinha.

À pedido da Cohab e mesmo com a exigência por parte dos moradores e moradoras de que todos pudessem participar, a reunião de fato só aconteceu com pequena parte das pessoas presentes.
Dessas presentes, representantes da Portelinha se colocaram contrárias à qualquer projeto que proponha realocar a comunidade para bairros distantes.
São mais de 300 famílias com 12 anos de história de vida naquele território. É por ali que querem permanecer.

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Além disso, foi mais uma vez pedido que fosse marcada uma reunião com o Ministério Público do Paraná – MPPR, para que seja anulada a reintegração de posse que é motivo de grande preocupação pra muitas famílias.
Também foi reiterado o pedido pra que seja mediado um encontro de representantes da Portelinha com representantes da empresa proprietária de parte dos terrenos, que já se encontra em massa falida com débitos inclusive com a Prefeitura de Curitiba, para fim de construir um acordo entre essas partes.

Por fim, a Cohab garantiu que a realocação das famílias situadas nas áreas de risco têm prioridade em seus projetos de habitação e que a comunidade Portelinha tem autonomia para se organizar dentro das possibilidades ofertadas.
Desde já reforçamos que essas possibilidades têm de garantir o bem estar de todas as faixas econômicas presentes ali na comunidade.

Saímos da reunião cientes de que todo o processo e luta ainda continuará.
Mas a certeza de que PORTELINHA UNIDA JAMAIS SERÁ VENCIDA cresce a cada dia!
QUEREMOS MORADIA DIGNA JÁ!

[PARANÁ] Portelinha Unida na Luta por Moradia Digna

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No último dia 25 de março, moradoras e moradores da Comunidade Portelinha – Curitiba estiveram na Rua da Cidadania da Fazendinha – Regional Portão para mais uma vez lutar por seus direitos.

As demandas apresentadas foram:
1. A realocação imediata, para uma área adequada e próxima à comunidade, das 20 famílias que moram em uma área de risco em constante possibilidade de perderem seus lares, num cenário de tragédia anunciada há tempos.
2. Elaboração de um projeto de regularização fundiária, promessa já feita em reunião com o prefeito Rafael Greca de Macedo e com a COHAB Curitiba, esta última com quem a comunidade se reunirá novamente ainda nessa semana.

Para avançar nesse projeto de regularização, também ficou combinado que agentes da prefeitura e COHAB entrarão em contato com a empresa proprietária de maior parte dos terrenos para marcar uma reunião com representantes da comunidade.

Com muita disposição e firmeza, moradoras e moradores protagonizaram mais uma importante mobilização nesses 12 anos de luta da Portelinha.
PORTELINHA UNIDA JAMAIS SERÁ VENCIDA!
MORADIA DIGNA JÁ!

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[PARANÁ] Respeito e Moradia Digna às Ocupações do CIC!

Nesta sexta-feira (07/12/18), mais de 300 casas da ocupação urbana 29 de Março foram atingidas por um incêndio provocado pela Polícia Militar. No local sobram destroços e indignação.

Os relatos de moradoras e moradores descrevem uma ação violenta e abusiva por parte da PM, em retaliação à morte de um policial. Com os rostos cobertos e sem a identificação na farda, a PM invadiu e revirou casas, sem mandado. Famílias foram acordadas de madrugada, revistadas de maneira ilegal e imoral, e ameaçadas no caso de não encontrarem o paradeiro da pessoa que supostamente matou o policial. Informações dão conta que a pessoa tentou duas vezes se entregar, o que parecia não ser o suficiente para o braço armado do Estado.

Em seguida, o fogo começou. Dentre as notícias que circulam sobre as mortes, duas se destacam por se tratarem de execuções: um rapaz que denunciou o início do fogo e foi morto a tiros dentro de casa; outro que foi levado pela PM e encontrado sem vida a quilômetros da ocupação. Os cartuchos no chão de balas, não só de borracha, revelam o uso de força letal contra os moradores. Houveram feridos no ataque, inclusive idosos. O incêndio provocado tirou a vida de muitos animais. Entre os moradores, há vítimas não confirmadas.

 

Mesmo com o terror que se instalava, a comunidade conseguiu resistir com a união entre moradores de todas as ocupações (Tiradentes, Nova Primavera, 29 de Março, Dona Cida) e o apoio de outras comunidades, movimentos e organizações. Estão no local várias pessoas e organizações que auxiliam na resistência e captação de itens básicos de sobrevivência.

Na entrada da comunidade, montou-se uma tenda para reunir as doações e improvisou-se uma cozinha comunitária, para alimentar a todas as mulheres, homens e crianças que ficaram sem ter como ou o que cozinhar.

Doações estão sendo coletadas em diversos pontos da cidade e região metropolitana (conforme descrito ao final deste link: https://bit.ly/2zOyxtI). São prioridade: comida (inclusive pronta), leite, fraldas e materiais de construção e água potável.

Devido à urgência da situação, a unidade de atendimento do CRAS Moradias Corbélia está aberta ao atendimento à população e recebimento de doações também neste sábado e domingo, das 8h às 17h. Na sexta-feira, as famílias desabrigadas foram direcionadas à escola municipal Doutor Hamilton. A partir de sábado, o acolhimento é feito pela ONG Anjos. São poucas as famílias, entretanto, que buscaram o abrigamento. A maior parte foi acolhida pelos próprios moradores, vizinhos que entendem que a dor de um é a de todos.
Todas e todos temem o retorno da PM, dizem não conseguir descansar nem dormir direito. Em meio à calamidade que se desenha, surpreende a falta de ação da Prefeitura de Curitiba e COHAB. Os escombros permanecem, com materiais em brasa e fumaça ainda presentes, aumentando a vulnerabilidade social das famílias e os riscos à saúde.

É necessária a limpeza do terreno imediatamente, a realocação das famílias para moradias adequadas e a regularização das ocupações, garantindo o direito à moradia. Esta luta vem sendo sendo feita por esta comunidade e outras comunidades há anos em meio a tantos contratempos pelo descaso e repressão do Poder Público.

É hora de muita união e solidariedade entre as comunidades e movimentos! Não podemos esquecer as atrocidades que aconteceram nesta comunidade! Moradia digna já!

[PARANÁ] Nota de Solidariedade ás Ocupações do CIC: Contra a Violência do Estado.

 

O Movimento de Organização de Base – Paraná (MOB-PR) se solidariza de maneira incondicional às famílias das ocupações da região do CIC que na última sexta-feira (07/12) sofreram um duro ataque em seus direitos, sentindo mais uma vez a face cruel e violenta do Estado.

Durante a sexta-feira, moradoras e moradores das ocupações Dona Cida, 29 de Março, Tiradentes e Nova Primavera relataram o pânico causado por ações policiais durante o dia. Com a justificativa de estarem em busca de uma pessoa que supostamente havia baleado um policial, os agentes de segurança do Estado arrombaram e invadiram casas, agrediram pessoas, deram tiros para o alto e inclusive torturaram pessoas em frente a seus familiares, incluindo crianças e idosos.

No período da noite, um incêndio de grandes proporções iniciou-se na Ocupação 29 de Março, que foi devastada pelas chamas. Até o momento, informações dão conta que centenas de famílias perderam suas casas e pertences.

Todo esse cenário de barbárie e violência foi promovido pelo Estado, através de seu braço armado (a Polícia Militar) que usou de brutal violência contra a população pobre da cidade, bem como por não promover o direito básico à moradia digna, uma luta histórica das ocupações da região.

Nesse momento, todo apoio é fundamental. Estão sendo organizados pontos de coleta no CIC e em diversos pontos da cidade. Solidariedade é mais que palavra escrita!

 

Todo apoio às moradoras e moradores!
Pelo fim da violência policial!
Moradia digna já!

PONTOS DE COLETA:

– Escola Ensino Fundamental Doutor Hamilton Calderari Leal – R. Victor Grycajuk, 121 – São Miguel
– Ong anjos em frente a praça auto bela vista no Sabará – R. Carlos Eduardo Martins Mercer, 31
– igreja Sara Nossa Terra Barigui – Rua Ricardo Emilio Michel, 531
– Cras Moradias Corbélia – R. Profa. Cecília Iritani, 510
– santo Isidoro 80
– associação Moradias Sabará 1, 151
– Casa do Estudante, centro
– Avenida Presidente kennedy, 2134 – Sara Nossa Terra

*LONAS e MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO em geral são muito bem vindos! Além de utensílios domésticos, móveis, produtos de higiene, roupas.

 

(PARANÁ) Mutirão para instalação da nova rede de água na Portelinha!

Nos dias 25 e 26 de agosto, aconteceu na Comunidade Portelinha um grande mutirão para instalação de uma nova rede de água. Para solucionar problemas constantes como a falta de água e vazamentos, moradoras e moradores se uniram. Com muita solidariedade, companheirismo e determinação, o povo organizado dá mais um exemplo de que as mudanças que queremos não vão vir dos ricos e poderosos, mas da luta cotidiana pela melhoria de nossas condições de vida, construindo com as próprias mãos a transformação de nossa realidade.

Viva a organização do povo!
Viva a Portelinha!

 

[Paraná] TODO APOIO À LUTA DOS CAMINHONEIROS!

Nós, do Movimento de Organização de Base-Paraná (MOB-PR), manifestamos nosso apoio à greve dos caminhoneiros. Desde o dia 21 de maio, caminhoneiros tem realizado protestos e trancado rodovias em todo o país, reivindicando entre outras pautas a diminuição dos altos preços dos combustíveis e melhores condições de trabalho. Só no Paraná são cerca de 200 áreas bloqueadas.

A luta dos caminhoneiros tem aspectos muito próprios. Patrões e oportunistas tentaram se apropriar do movimento em benefício próprio, sem pensar nos trabalhadores e trabalhadoras. Mas as negociações realizadas a portas fechadas com o governo (por empresas e sindicatos que não representam os trabalhadores) não atenderam as pautas mais urgentes dos que sofrem no dia a dia com péssimas condições de trabalho, jornadas exaustivas, gastos com combustível e pedágios, e instabilidade. Isso que fez com que muitos caminhoneiros autônomos decidissem manter a greve, não se contentando com as migalhas oferecidas pelo governo e lutando por conquistas concretas.

Os de cima já preparam os ataques ao povo trabalhador: alegando ser um protesto abusivo e radical, foi autorizada o uso da Força de Segurança, para acabar com as manifestações. Ou seja, são os poderosos usando como sempre de seu braço armado (polícia, exército) para reprimir o povo. Além disso, diversos estados estão estipulando uma multa diária para aqueles que continuarem em greve.

A luta não é apenas dos caminhoneiros, mas sim de todo o povo pobre e trabalhador, dos desempregados e desempregadas, dos camponeses, dos moradores e moradoras de vilas, favelas e ocupações. Outras categorias, como a dos petroleiros, já tem anunciado indicativos de greves e paralisações, e é fundamental estarmos lado a lado nessas e em outras lutas por melhores condições de vida e contra os ataques dos poderosos.

Todo apoio a luta dos caminhoneiros!

Pela solidariedade entre os/as de baixo contra os governos e os patrões!

Lutar! Criar! Poder Popular!

A farsa da política de segurança pública no Rio de Janeiro

Intervenção Militar Não!
MOBilizar por direitos sociais, saúde e educação!

A Farsa da Política de Segurança Pública no Rio de Janeiro

Não é de hoje que a questão da segurança pública é objeto de um acirrado debate no Rio de Janeiro.
Sobre a justificativa de uma suposta “guerra às drogas”, vemos políticas governamentais implementando ações cada vez mais violentas e operações policiais cada vez mais espetaculosas. No fim, estas iniciativas promovem pouco ou nenhum dano às facções criminosas, enquanto os moradores das favelas cariocas são aqueles que realmente sofrem. O resultado imediato dessa política são execuções sumárias, flagrantes forjados e o encarceramento em massa, que superlota as prisões brasileiras. Os principais alvos, jovens negros moradores de comunidades, tendo ou não envolvimento com essas facções.

Um exemplo dessa política fajuta foi a implementação das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs). Durante o período de sua implementação, registrou-se o aumento de 53% no número de desaparecidos em áreas ocupadas pelas UPPs. Concomitantemente, as chamadas “UPPs sociais” foram uma máscara para a sociedade, que encenaram um “trabalho social” para camuflar seus objetivos escusos e sua prática de brutalidade contra a população.
Os legados deixados pelas UPPs foram, objetivamente, a expansão das facções criminosas para outras áreas da região metropolitana do RJ e a maior inserção destas no corpo das instituições policiais. Dessa relação entre o tráfico e a polícia, nasceram acordos e vinculações diretas. Até o próprio Ministro da Justiça, Torquato Jardim, acusou a cúpula da segurança pública do Rio de Janeiro de associação com o crime organizado. Nenhuma novidade para os cariocas. Ano passado, vimos a PMERJ chegar a alugar um caveirão para o crime organizado na Cidade Alta.

Os objetivos das UPPs eram bastante óbvios: criar um clima de segurança e estabilidade na cidade para o turismo, principalmente durante a Copa e as Olimpíadas, e exercer um controle social sobre as camadas mais pobres da sociedade durante um período de crise e perda de direitos sociais.

Como agravamento desse processo, em 2014 o governo Dilma implementou a chamada Força Nacional, para aprofundar esse controle e sufocar a população. O exército, treinado para matar, foi convocado como novo algoz da população periférica do Rio de Janeiro. Assim, muitas favelas cariocas já convivem com a brutal ação do exército desde então.

A atual intervenção militar é o aprofundamento dessa política genocida. Sob a liderança do general Braga Netto, do Comando Militar do Leste, vemos que as forças armadas pedem inclusive garantias para poder desenvolver qualquer tipo de atrocidade sem sofrer qualquer retaliação ou censura. Já conseguiram que os militares que matem durante essas operações sejam julgadas por uma corte militar, e não pela justiça comum.
Não satisfeito, General do Exército Villas Bôas já se pronunciou dizendo que as ações das forças armadas cometidas durante intervenção federal no Rio de Janeiro não sofram punições com a criação de uma nova “Comissão da Verdade”, que apurou diversos casos de assassinatos e torturas no período da ditadura militar no Brasil.

Já vemos inúmeras arbitrariedades sendo cometidos pela intervenção, como o constrangimento ilegal de moradores da Vila Kennedy, que foram obrigados a se cadastrar para entrar e sair da comunidade onde vivem. Recentemente, a prefeitura, com o apoio da intervenção, destruiu vários quiosques de comércio local da comunidade, atacando o trabalho dos comerciantes e gerando revolta na população.

Por todos esse elementos, partimos da certeza de que a atual intervenção militar no Rio de Janeiro não resultará em nenhum avanço para a população carioca. Pelo contrário: ela irá acentuar a tensão social, promover diversas barbaridades à população mais pobre e fortalecerá o crime organizado. Ela já começa com uma justificativa duvidosa: a crise orçamentária que o estado passa.

A falência do estado do Rio de Janeiro
Outra consequência direta dos megaeventos foi gerado pelos grandes negócios entre políticos e diversos setores empresariais. Sabemos que essas negociatas contaram com diversos benefícios aos empresários, como o superfaturamento de obras públicas em troca de caixa 2 para as eleições. Dos 12 estágios construídos ou reformados para a Copa, 10 são hoje alvos de investigações. Além disso, vimos a escandalosa desoneração fiscal para essas empresas, que segundo o Tribunal de Contas do Estado (TCE) chegou à 138 bilhões entre 2008 e 2013.

Não é por acaso que vemos os últimos governadores do estado ocuparem celas nas cadeias por eles mesmo construídas. O que ocorreu no Rio de Janeiro foi um verdadeiro saque dos recursos públicos.

Paralelamente, seguiu-se um corte cada vez mais profundo nas serviços públicos, sobretudo nas áreas da saúde e da educação. Vimos, nos últimos anos, escolas sendo fechadas e hospitais estaduais sendo passados para a gestão do município. A educação foi um dos setores mais afetados pelo corte de verbas. Hoje, a UEZO e UENF passa pelo mesmo sucateamento que a UERJ sofre há meses.

É nesse contexto em que a ministra do STF, Carmén Lúcia, anunciou a suspensão da convocação de 900 professores aprovados em concurso para a rede estadual. A decisão, além de contribuir para a manutenção do desemprego que assola a população, ainda agrava a situação de precariedade dos professores em exercício, com superlotação das salas de aula e a distribuição em várias escolas por matrícula.

O neoliberalismo e a militarização da política
É importante notar como o que o RJ vem passando está totalmente relacionado à conjuntura nacional de maneira mais ampla. Vemos o avanço de uma política neoliberal nos últimos anos no Brasil, que se acentuou após o golpe parlamentar de 2016 e vêm atacando os serviços públicos, atropelando os direitos sociais e vendendo os recursos públicos.

A primeira grande iniciativa nesse sentida foi a chamada “PEC do fim do mundo”, que congelou os gastos públicos em vinte anos. Depois, vemos os direitos trabalhistas serem rasgados com a Reforma Trabalhista. Agora, querem empurrar pela nossa goela a Reforma da Previdência. Os próximos passos dessa agenda política já foram apontados: a privatização da Eletrobras e a autonomia do Banco Central.

É nesse contexto que se dá a escalada do Estado Policial: para garantir as políticas de ajuste fiscal e de retiradas de direitos.

Nesse cenário, vemos o preocupante retorno das instituições militares à arena política. Não apenas através da intervenção, que concede à instituição do exército os poderes que são de responsabilidade do governo estadual, mas também assumindo diversos cargos no governo. Atualmente, militares controlam diversas instituições que possuem um papel estratégico no Brasil, como a FUNAI, a ABIN, a Casa Civil, entre outros.

Tudo isso durante o preocupante período de instabilidade política que vivemos, onde grupos de extrema direita que clamam pelo retorno à ditadura empresarial-militar ganham força.

Nós, do Movimento de Organização de Base (MOB-RJ), enquanto movimento social comunitário, estamos dedicados a mobilizar o povo a ir às ruas combater esses ataques e a debater essas questões em nosso cotidiano, nos bairros, comunidades e nos nossos trabalhos sociais. Não aceitaremos o avanço dessa política genocida, nem o retorno dos sombrios tempos de ditadura.

Contra a Reforma e a Intervenção, luta e organização!

Lutar! Criar Poder Popular!

 

[Paraná] Descanse em paz, Luciano.

Luciano está à esquerda da foto.

Na última terça-feira, faleceu um antigo morador da Comunidade Portelinha. Luciano, o “Luciano da Mercearia”, era conhecido por todos e todas na comunidade, e fará muita falta. Mais um caso triste de homicídio.

Sempre vamos lembrar dos bons momentos. Recentemente, Luciano teve uma filha e estava muito feliz com isso. Também há pouco tempo atrás, fez uma grande doação de materiais para instalação da nova rede de esgoto e passou o último sábado (17/03) trabalhando em um grande mutirão na comunidade.

A luta por moradia digna e vida justa para o nosso povo vai continuar!

Descanse em paz, Luciano. Que a terra lhe seja leve.

Luciano está à direita da foto.

 

[Paraná] Enchentes em Curitiba: descaso dos de cima e luta dos de baixo

Quando uma chuva um pouco mais forte começa a cair dos céus, já é o início de muita preocupação para moradoras e moradores de diversos bairros de Curitiba e Região Metropolitana. Tem sido cada vez mais constantes as enchentes e alagamentos em diversos pontos da cidade, o que tem feito com que centenas de famílias percam móveis, roupas, eletrodomésticos e até mesmo suas próprias casas. O forte temporal que caiu no dia 3 de março deixou tristes marcas na população pobre da cidade: segundo dados parciais da própria Prefeitura de Curitiba, mais de 1500 pessoas foram afetadas, e 200 ficaram desalojadas, ou seja, perderam suas casas.

Infelizmente, não se trata de uma novidade. No final de 2017, fortes chuvas causaram estragos em diversos pontos da cidade. Muitas famílias afetadas nessa época mal tiveram tempo de reconstruir seus lares e vieram a sofrer novas perdas alguns meses depois. Trata-se de uma tragédia anunciada, pois uma série de obras prometidas pela prefeitura para conter as enchentes e alagamentos foram abandonadas, e outras sequer iniciadas. O mesmo vale para a limpeza de rios, muitas vezes realizada por mutirões organizados pelas moradoras e moradores das comunidades. Esse descaso, aliado a ausência de políticas para a moradia digna de nosso povo, tem ocasionado essa sequência de tragédias.

Pra mudar a situação, luta e união!

Tais acontecimentos geraram revolta e houveram protestos em diferentes regiões de Curitiba. No bairro Parolin, um protesto trancou uma via da região, as moradoras e moradores queimaram partes dos móveis destruídos pela chuva e mostraram com palavras de ordem sua revolta. No mesmo dia, mais cedo, o governador Beto Richa esteve presente no bairro, mas não conseguiu convencer os moradores e moradoras com suas mentiras.

O Contorno Sul também foi palco de manifestações. Moradoras e moradores dos bairros CIC e Fazendinha trancaram a via por cerca de seis horas, exigindo que a prefeitura tomasse providências. Uma das questões levantadas pelo protesto foi o fato da prefeitura não ter realizado tarefas com as quais havia se comprometido, como a drenagem de rios e limpeza de bueiros.

Solidariedade

Para resolver essa situação, a população se uniu em mutirões e ações para arrecadação de roupas, móveis e eletrodomésticos, mostrando na prática que só a luta, a união e a solidariedade podem apontar para o caminho de uma vida digna para todos e todas. Muitas vezes, a própria população atingida pelas chuvas é tida como culpada, o que além de ser uma visão claramente preconceituosa, protege os verdadeiros culpados por essa situação: o Estado que ignora as demandas do povo e não cumpre com suas promessas.

A cada nova ameaça de chuva, cresce a tensão e o risco de se perder novamente aquilo que foi duramente conseguido pela população. O caminho para que possamos ter moradia digna para todos, e para que as enchentes não sejam uma ameaça cotidiana, passa pela auto-organização em nossos locais de moradia, construindo espaços de resistência e solidariedade.

Todo apoio às famílias atingidas pelas enchentes!
Moradia digna para todos e todas!
Viva a organização do povo!